"A mesma involução engrenada das intenções do fotógrafo e o aparelho pode ser constactada na escolha da caça. O fotógrafo regista tudo: um rosto humano, uma pulga, um traço de uma particula atómica na câmara Wilson, o interior do seu próprio estômago, uma neblosa espiral, o seu próprio gesto de fotografar ao espelho. O fotógrafo crê que está a escolher livremente. Na realidade porém, o fotógrafo só pode fotografar o fotografável, isto é, o que está inscrito no aparelho. E para que algo seja fotografável, deve ser transcodificado em cena. O fotografo não pode fotografar processos. O aparelho «programa» o fotógrafo para transcodificar tudo em cena, para magicizar tudo. Neste sentido, o fotógrafo funciona, ao escolher a sua caça, em função do aparelho. É um aparelho-fera."
Vilém Flusser, in Ensaio Sobre a Fotografia, para uma filosofia da técnica, Relógio D'Água, 1983, pág. 51
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